domingo, 8 de dezembro de 2013

Boleadeira são três pedras - 20ª Estância da Canção Gaúcha

BOLEADEIRAS SÃO TRÊS PEDRAS (Milonga)
Letra: Gujo Teixeira
Música: Cristian Camargo


Boleadeira, são três pedras
com três historias iguais
sulcadas, pedras de arroio
com braços, couro e ramais.
Três irmãs de céus e terra
acolheradas em si
redondas luas pampeanas
iguais as luas daqui...

Pedra nobre e primitiva
qual matéria mineral
se perdeu na tropelia
nas cruzes de algum bagual.
Era o arame de antes
-mangueira do descampado-
que um tiro de volta e meia
lhe arremessou pro passado.

O tempo plantou-lhe rasa
depois da primeira queda
semente que não germina
a terra pra sempre hospeda.
A manicla era o punho
de muitos braços charruas
e hoje descansa, solita
distante das outras duas.

Na empunhadura da mão
o retovo era o começo
pra se enredar, em seguida
na precisão do arremesso.
As três juntas, eram uma
no golpe de algum buléu
e na lenda de um cacique
viraram estrelas no céu.

Ficaram órfãs no campo
-reliquias de um tempo novo-
perpetuando na pedra
o imemorial de um povo.
Justificando teu nome
transcende a história que tem
por “boleadora”, persiste
que às vezes derruba alguém.

Herança índia, avoenga
de um ancestral guerreiro
que me encontrou tempo a fora
sem eu mesmo, ser herdeiro.
Uma a uma encontrei
dentro da própria razão
de entregar ao pago inteiro
este apego, ao meu chão.

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