VENDE-SE UMA CARRETA “Num rincão da Vista Alegre” (Chamame)
Letra: Rodrigo Bauer e Diego Muller
Música: Edilberto Bergamo
Corre solto nos bolichos que uma carreta está à venda,
Que um índio da Vista Alegre anda de rumo cambiado...
Quem carreteou a esperança e a vida por encomenda
Vende um pedaço da alma num jornal classificado!
É como vender a história, a vocação, o atavismo...
E renascer mutilado de tudo o que já se foi...
Há muito ficou na poeira, com os ventos do modernismo...
E vê o asfalto comendo os cascos dos velhos bois!
“São Gabriel das carretas!” – Ficou o nome e o legado:
Não há rodados na estrada, nem bois cortando a distância...
Os gemidos das carretas se perderam, junto à poeira,
E o velho grito de “eira” apenas deixou lembrança!
Quem nasceu na Vista Alegre não teme tempo ou desgosto:
Há de encontrar outro ofício pra continuar a contenda...
Mas não esconde que o pranto desceu nas vergas do rosto,
Naquele dia encardido em que pôs a carreta à venda!
De seu rancho sem reboco, à luz de velhas lembranças,
Um carreteiro olha à estrada, feito um pássaro sem asas...
– As buzinas já não gemem... hoje lhe resta a esperança...
...E uma carreta ancorada, pra sempre, em frente das casas!
O que reserva o futuro pra quem viveu carreteando,
Fazendo frete e quitanda, com chuvaradas e estios?...
– Ouve o ranger do silêncio, que segue lhe apunhalando...
E enxerga a carreta encher-se, cada vez mais... de vazio!!!
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